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segunda-feira, março 15, 2010

O Mestrado


Num lindo dia ensolarado o coelho sai de sua toca com seu laptop e põe-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passa por ali uma raposa e vê o coelhinho suculento tão distraído com seu trabalho. No entanto ela fica intrigada com o coelho trabalhando tão arduamente.

Então a raposa aproxima-se do coelho e pergunta:

- Coelhinho, o que você está fazendo tão concentrado?

- Estou redigindo a minha tese de mestrado - diz o coelho sem tirar os olhos do laptop.

- Mmm... e qual é o tema da sua tese?

- Ah! é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores de raposas.

A raposa fica indignada:

- Oras! Isso é ridículo! Nós é que somos os predadores dos coelhos!

- Absolutamente! Venha comigo à minha toca e eu te mostro a minha prova experimental.

O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois ouve-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio. Em seguida o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos da sua tese como se nada tivesse ocorrido.

Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando tão concentrado. O lobo então resolve saber do que se trata aquilo tudo antes de devorar o coelhinho:

- Olá jovem coelhinho. O que o faz trabalhar tão arduamente?

- Minha tese de mestrado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há muito e prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.

O lobo não se contem e farfalha em risos da petulância do coelhinho.

- Ah ah ah ah!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós os lobos é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos, aliás...

- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso te apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?

O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouvem-se uivos desesperados, agonizantes, ruídos de mastigação e... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, intacto, e volta ao árduo trabalho de redação da sua tese de mestrado, como se nada tivesse acontecido...

Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas ilhas de ossos vê-se um enorme Leão, satisfeito, bem alimentado, sonolento, a palitar os dentes.

MORAL DA ESTÓRIA:

Não importa quão absurdo é o seu tema de tese.

Não importa se você não tem o mínimo fundamento cientifico.

Não importa se os seus experimentos nunca provam a sua teoria.

Não importa nem mesmo se as suas idéias vão contra o mais óbvio do bom senso...

O que importa é QUEM É O SEU ORIENTADOR!!!

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Grandes desafios para a Academia 1 (Dilema do Prisioneiro)

Um clássico estudo comportamental ligado à escolha racional e a matemática aplicada é dado pela Teoria dos Jogos: o Dilema do Prisioneiro. A Teoria dos Jogos todo mundo conhece, né? Estuda-se as situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de maximizar as utilidades. A Teoria dos Jogos tem sido aplicada à Ciência Política uma vez que há jogos nos quais interesses próprios e racionais prejudicam a todos. Já o Dilema do Prisioneiro é bem interessante e sua formulação clássica é dada na seguinte maneira:

Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 1 ano de cadeia cada um. Se ambos traírem o comparsa, cada um leva 5 anos de cadeia. Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro.

A questão que o dilema propõe é: o que vai acontecer? Como o prisioneiro vai reagir?

Basicamente, a tabela de comportamento em relação aos resultados pode ser dada da seguinte forma:

Cooperar Desertar
Cooperar ganho - ganho perda substancial- ganho substancial
Desertar ganho substancial - perda substancial perda - perda

Existem diversos estudos que propõem estratégias e elementos que interferem na tomada de decisão dos jogadores, como Dilema Iterado (quando o mesmo jogo é posto para os jogadores diversas vezes), Variações dos Incentivos, etc. Existem resultados que são obtidos através de diversas variáveis como informação, comunicação, confiança e ética. Há também diversas propostas de dilemas como o da Galinha, o Amigo ou Inimigo, a Tragédia dos Comuns, etc..


OK, mas parece que a Teoria dos Jogos trabalha apenas com o "Good Cop" e as instituições formais, ignorando situações em que o próprio prisioneiro pode resolver o dilema através de estratagemas complexos.

Em Prison Break, observa-se uma situação bem particular em que a Teoria da Conspiração pega a realidade, amarra de forma sadomasoquista e apenas Michael Scofield é capaz de resgatá-la, sendo ainda mais conspiratório.

Ele não apenas sabia que seu irmão estava envolvido em um grande esquema conspiratório armado na Casa Branca, como também elaborou uma forma de estudar cada milímetro da prisão, cuidou para que também fosse preso, condenado e enviado para a mesma penitenciária e depois de tudo isso já tinha consigo armado todo o esquema de fuga que incluía comportamentos e alianças feitas lá dentro. Sem contar, é claro, no constrangimento de tempo que ele tinha pra elaborar e executar todo este plano antes que seu irmão fosse executado.
Para além de todos os planos, maquinações, estratégias e ardis, Michael Scofield é o homem que ignorou tudo produzido sobre a Teoria dos Jogos e está a 3 temporadas fugindo das sanções e conspirações que querem pegá-lo.


Outro homem que desafia a Teoria dos Jogos recentemente ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim. Sim, estou falando do Capitão Nascimento.

O ídolo recente da cultura pop demonstrou publicamente que não só é possível "resolver" o Dilema do Prisioneiro, como não existe dilema coisíssima nenhuma. Através de seus métodos pouco ortodoxos, o Capitão minimizou os custos da inteligência policial em investigar e punir de forma eficiente os criminosos nas favelas cariocas.
Utilizando-se de apenas alguns sacos plásticos reutilizados das compras de casa, Nascimento obtém as informações que necessita e envia para a Justiça. Às vezes não há nem necessidade de se fazer prisioneiro, Nascimento "senta o dedo nessa porra" e "bota na conta do Papa".
A comunidade científica está às voltas com este problema. O CRISP de Claudio Beato já declarou que nada tem a ver com isso e utiliza-se de outros modelos normativos para a explicação de comportamento criminoso. Por outro lado, Bruno Reis comenta com humor que enquanto Capitão Nascimento não entrar na Polícia Federal, no Ministério Público, Supremo Tribunal Federal, Assembléia Legislativa ou Congresso Nacional, ele não tem nada com o que se preocupar. Afinal, Dilema de Prisioneiro é problema para psicólogo de presídio e criminólogo.



"Through a wor(L)d of madnes..."

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