sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Grandes desafios para a Academia 1 (Dilema do Prisioneiro)

Um clássico estudo comportamental ligado à escolha racional e a matemática aplicada é dado pela Teoria dos Jogos: o Dilema do Prisioneiro. A Teoria dos Jogos todo mundo conhece, né? Estuda-se as situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de maximizar as utilidades. A Teoria dos Jogos tem sido aplicada à Ciência Política uma vez que há jogos nos quais interesses próprios e racionais prejudicam a todos. Já o Dilema do Prisioneiro é bem interessante e sua formulação clássica é dada na seguinte maneira:

Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 1 ano de cadeia cada um. Se ambos traírem o comparsa, cada um leva 5 anos de cadeia. Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro.

A questão que o dilema propõe é: o que vai acontecer? Como o prisioneiro vai reagir?

Basicamente, a tabela de comportamento em relação aos resultados pode ser dada da seguinte forma:

Cooperar Desertar
Cooperar ganho - ganho perda substancial- ganho substancial
Desertar ganho substancial - perda substancial perda - perda

Existem diversos estudos que propõem estratégias e elementos que interferem na tomada de decisão dos jogadores, como Dilema Iterado (quando o mesmo jogo é posto para os jogadores diversas vezes), Variações dos Incentivos, etc. Existem resultados que são obtidos através de diversas variáveis como informação, comunicação, confiança e ética. Há também diversas propostas de dilemas como o da Galinha, o Amigo ou Inimigo, a Tragédia dos Comuns, etc..


OK, mas parece que a Teoria dos Jogos trabalha apenas com o "Good Cop" e as instituições formais, ignorando situações em que o próprio prisioneiro pode resolver o dilema através de estratagemas complexos.

Em Prison Break, observa-se uma situação bem particular em que a Teoria da Conspiração pega a realidade, amarra de forma sadomasoquista e apenas Michael Scofield é capaz de resgatá-la, sendo ainda mais conspiratório.

Ele não apenas sabia que seu irmão estava envolvido em um grande esquema conspiratório armado na Casa Branca, como também elaborou uma forma de estudar cada milímetro da prisão, cuidou para que também fosse preso, condenado e enviado para a mesma penitenciária e depois de tudo isso já tinha consigo armado todo o esquema de fuga que incluía comportamentos e alianças feitas lá dentro. Sem contar, é claro, no constrangimento de tempo que ele tinha pra elaborar e executar todo este plano antes que seu irmão fosse executado.
Para além de todos os planos, maquinações, estratégias e ardis, Michael Scofield é o homem que ignorou tudo produzido sobre a Teoria dos Jogos e está a 3 temporadas fugindo das sanções e conspirações que querem pegá-lo.


Outro homem que desafia a Teoria dos Jogos recentemente ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim. Sim, estou falando do Capitão Nascimento.

O ídolo recente da cultura pop demonstrou publicamente que não só é possível "resolver" o Dilema do Prisioneiro, como não existe dilema coisíssima nenhuma. Através de seus métodos pouco ortodoxos, o Capitão minimizou os custos da inteligência policial em investigar e punir de forma eficiente os criminosos nas favelas cariocas.
Utilizando-se de apenas alguns sacos plásticos reutilizados das compras de casa, Nascimento obtém as informações que necessita e envia para a Justiça. Às vezes não há nem necessidade de se fazer prisioneiro, Nascimento "senta o dedo nessa porra" e "bota na conta do Papa".
A comunidade científica está às voltas com este problema. O CRISP de Claudio Beato já declarou que nada tem a ver com isso e utiliza-se de outros modelos normativos para a explicação de comportamento criminoso. Por outro lado, Bruno Reis comenta com humor que enquanto Capitão Nascimento não entrar na Polícia Federal, no Ministério Público, Supremo Tribunal Federal, Assembléia Legislativa ou Congresso Nacional, ele não tem nada com o que se preocupar. Afinal, Dilema de Prisioneiro é problema para psicólogo de presídio e criminólogo.



"Through a wor(L)d of madnes..."

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Ê Fidel véi de guerra!


E o Fidel largou o osso...
É engraçado como as coisas acontecem e você nem se dá conta. Pros jornalistas este foi um marco histórico: o último suspiro do comunismo no mundo, os sinais de que governos autoritários não se sustentam sem seus líderes carismáticos e os sinais de que o fim da história é o neo-liberalismo.

Da mesma forma da ocasião de quando encontraram Saddam Hussein no Iraque em um buraco, da sua execução, ficou aquela impressão de que havia algo de irônico e sádico na forma como as coisas acontecem... Quem imaginaria que aos poucos não há nada no mundo que diversifique? Que o capitalismo é como a modernidade e obtém performances distintas a medida que se insere em todos os cantos e constitui uma hegemonia de idéias (mesmo que exista singularidades, a presença de uniformidade de idéias ou, melhor dizendo, de um arrefecimento de ideologias faz a prevalecência de um mesmo ethos)?

Alguns apostam em um novo inimigo: o Islã. Outros apontam apenas outra hegemonia surgindo: cultura oriental e a China dominando o século XXI. Sinceramente às vezes eu me irrito com essa pressa de jornalistas em apontar o caminho das mudanças sociais pelo mundo. E não sei mesmo se chegamos ao fim da história. Há desigualdade de classes, há ideologia dominante, mas não o líder carismático. Fidel se reserva à luta de idéias, Chaves não conquistou ainda a força ideológica que o Comandante e a grande mídia ainda não sinalizou um líder desse porte seja na América Latina, seja no mundo afora.

Não, eu não sou marxista. Foram só umas reflexões sobre marxismo e conjuntura. Não me entendam mal...

Mas o Fidel tá lá. O véio ainda sonha com seu companheiro de armas e idéias.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Vergonha na cara?


E eu volto a botar esse blog na internet pela quarta vez com outro nome. É claro que não poderei mantê-lo, por isso estou pensando em fazer um esquema parecido com o 25centavo e me juntar a outras pessoas atoas como eu para conseguirmos falar coisas interessantes e ser original ao mesmo tempo (OMFG! Incoerência DETECTED!).

Se bem que ser original hoje em dia é mais difícil do que lamber o próprio cotovelo. Os meios de comunicação em massa tornaram a cópia tão difundida e tornaram as infinitas possibilidades de criação da mente humana tão finitas que até mesmo o humor no Brasil não tem sido muito engraçado.

Mas não é disso que eu quero falar, a pseudo-análise do humor fica pra outro dia. Eu só queria deixar aqui o anúncio de que o blog voltou pra que eu tenha onde falar besteira sem me preocupar com minha consciência me censurando. Qualquer olhar reprovador dela para mim é simplesmente respondido com uma ou duas tags no Google. :D



"Through a wor(L)d of madnes..."
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